Do Topo da Cabeça...
Olá minha gente...
A verdade é que perdi o direito de vos chamar "minha gente" uma vez que o último "post" foi em Abril... Peço desculpa pela ausência mas a verdade é que a inspiração não flui como antigamente... A minha zona do cérebro dedicada à criatividade começa a ser algo devorada pela mentalidade científica... Para que isso não aconteça definitivamente, irei de seguida escrever um texto lírico que prometo que sairá em tempo real. Ou seja, irei escrever o que me vem à cabeça e sem o filtrar ou reler irei publica-lo. Exacto. O texto que poderão ler a seguir, foi feito com o que mais à superfície vagueia na minha mente e não sofreu a censura do tempo. Prevejo erros gramaticais, mas ao menos deste modo verei mesmo o que flui e será não só entretenimento para quem o lê mas será também um teste do meu antigo "Eu" ao meu presente "Eu"... Neste momento não sei o que sairá daqui... Mas cá vai...
Vejo letras neste teclado... organizadas não pelas leis de ordem no alfabeto mas pela comodidade de quem inventou o QWERTY. Sem querer, nelas despejo meus anseios, minhas verdades, minhas mentiras, minhas falsidades, meus erros, vinhas virtudes e acima de tudo minhas migalhas de bolachas... Salivo ligeiramente... Será fome? E se for fome, será de comida? A fome da minha alma também se manifestará por salivação? Seremos cães de Pavlov cujo cérebro não destinge a alma do estômago? É verdade... Nestas teclas despejo também muitas questões... Faço uma pausa... Doem-me os dedos... Naõ só a cabeça dos dedos mas também mesmo as articulações... E então a alma? Dói? Se sente fome também poderá sentir dor... É lógico que assiim seja... Mas a alma nada tem de lógico... Porque tem ela que seguir as leis da lógica? Se calhar não tem... Se calhar não segue... Nós é que temos o hábito de a forrar de lógica! O ser Humano é por natureza um ser autista... Constantemente a procurar padrões e soluções em tudo que nos reveste. Isso fará dos autistas superficiais autistas profundos... Não há autismo leve, há apenas a estúpida razão de ser. De ser o quê? De ser humano. De ser privilegiado! Não acredito que acabo de escrever privilegiado sem dar erro... Nascer é que é o erro! Daí o privilégio ser existir... Existir sem nada ter feito para o merecer... Depois passamos a vida a queixar-mo-nos de injustiça! Não se queixem! Fizeram alguma coisa para sequer merecer andar neste Mundo? Não? Então calem-se e aguentem o que a vida vos atira. Neste ponto de vista então talvez nascer não seja um presente... Talvez seja um presente envenenado... Talvez seja um presente embrulhado num passado sem futuro... Talvez seja um castigo... Isso sim fará mais lógica! Se não fizemos nada para merecer nascer, então talvez seja um castigo! Castigo injusto... Injusto porque se nada de bom fizemos, também nada de mau fizemos para o merecer... Então reclamem... Porque não? Realmente... Por favor reclamem! Reclamem das constipações e das injustiças! Reclamem da sopa fria e da dor de luto! Reclamem e queixem-se de tudo! Acima de tudo queixem-se! QUEIXEM-SE!!! Retiro as mãos do teclado... Volto a sentir a dor nos dedos... Penso em parar, penso em calar o silêncio... Penso em interromper o movimento descabido de pensamentos através da minha mente... Penso em trair o que em mim é mais verdadeiro: A necessidade em trair o que de mim é mais verdadeiro. Trair o que faz de mim quem sou será mentir? Ou será dizer a verdade? Será despir as intenções do veludo com o qual aprendi a viver? Será afiar as palavras e falar mais alto? Esse pensamento dura apenas milésimos de segundo... Seria incapaz de trair a traição que faz de mim quem sou... Até os fantasmas têm correntes! Existe sempre algo que prenda o metafísico ao físico... Talvez daí venha a palavra "metafísico"... Se essa palavra tem como intenção descrever algo que não é físico, então porque é que tem "físico" na palavra? Se o metafísico se quisesse descolar completamente da realidade não estaria dependente do "físico" para fazer valer o seu significado... Seremos sempre escravos. Grilhões e grilhetas rangem com o nosso andar e esganam quem somos... Para o bem e para o mal... Muitos pensam que mandam neles próprios... "Faço o que quero"... "Faço e aconteço"... Como se "acontecer" fosse um esforço.... Enfim... O acontecimento é um embate entre o acontecer e o não acontecer... Tudo é acontecimento porque tudo acontece... Aquilo que não acontece não existe... E como tal não merece sequer dissertação. O ar acontece, o pó acontece, vida acontece, a morte acontece, o acidente acontece, " - Desculpe lá. - Acontece..."... Só o que não acontece não acontece!! Então porquê mandar em nós próprios!? Porque dependermos de nós!? Se mandamos em nós próprios não passamos de escravos do nosso ser... Por isso seremos sempre escravos. Escravos das nossas decisões e indecisões... Escravos do que fazemos e do que não fazemos... No fundo seremos sempre escravos do "acontecer"... Parece-me algo deprimente... Ou então não! Se tudo o que existe é um acontecimento, então porque é que a depressão tem que ser triste!? Já que somos escravos de nós próprios, porque não nos obrigamos a ser felizes!? Porque a felicidade no fundo não existe... A felicidade é um "não-acontecimento"... É algo cuja perseguição se torna neurótica ao ponto de nos entristecer. Estarei eu a dizer que não podemos ser felizes!? Não! Para dizer que não poderíamos ser felizes teria que reconhecer que a felicidade existe! e como já referi, ela é um "não-acontecimento"! O que existe é a satisfação. Aquele sentimento vazio de se estar cheio. Isso sim é um alvo... Isso sim é um objectivo... Nisso sim eu acredito. Seria impossível não acreditar na satisfação! Seria como estar encharcado e não acreditar em água! A satisfação é tangível... É pontual... Oscila consoante os acontecimentos embatem connosco. A satisfação É (!) um acontecimento... Ela acontece de vez em quando e por vezes de quando em vez... É cíclica e associada ao que de bom existe... Por isso a satisfação nos faz sorrir! Porque não é algo que aguardamos atingir dentro de anos ou meses, como a tão famosa e inexistente "felicidade"... É isso sim algo que ACONTECE inerente à vida. Apetece-me algo doce... Como... Fico satisfeito. Se acreditasse nessa criatura mitológica chamada felicidade, nesse momento seria feliz. Paro para respirar... Sinto-me ofegante... Como se estivesse a ler o que escrevo na vez de escrever o que vejo... Respiro fundo... Sinto-me mais leve. Mais vazio... Em paz... Em paz comigo. No fundo era a mim que eu devia esta paz. Só o meu "Eu" passado poderá dizer se a dívida está saldada mas a verdade é que pensando no que escrevi não consigo deixar de me sentir... Como hei de dizer.........?
Satisfeito.
A verdade é que perdi o direito de vos chamar "minha gente" uma vez que o último "post" foi em Abril... Peço desculpa pela ausência mas a verdade é que a inspiração não flui como antigamente... A minha zona do cérebro dedicada à criatividade começa a ser algo devorada pela mentalidade científica... Para que isso não aconteça definitivamente, irei de seguida escrever um texto lírico que prometo que sairá em tempo real. Ou seja, irei escrever o que me vem à cabeça e sem o filtrar ou reler irei publica-lo. Exacto. O texto que poderão ler a seguir, foi feito com o que mais à superfície vagueia na minha mente e não sofreu a censura do tempo. Prevejo erros gramaticais, mas ao menos deste modo verei mesmo o que flui e será não só entretenimento para quem o lê mas será também um teste do meu antigo "Eu" ao meu presente "Eu"... Neste momento não sei o que sairá daqui... Mas cá vai...
Vejo letras neste teclado... organizadas não pelas leis de ordem no alfabeto mas pela comodidade de quem inventou o QWERTY. Sem querer, nelas despejo meus anseios, minhas verdades, minhas mentiras, minhas falsidades, meus erros, vinhas virtudes e acima de tudo minhas migalhas de bolachas... Salivo ligeiramente... Será fome? E se for fome, será de comida? A fome da minha alma também se manifestará por salivação? Seremos cães de Pavlov cujo cérebro não destinge a alma do estômago? É verdade... Nestas teclas despejo também muitas questões... Faço uma pausa... Doem-me os dedos... Naõ só a cabeça dos dedos mas também mesmo as articulações... E então a alma? Dói? Se sente fome também poderá sentir dor... É lógico que assiim seja... Mas a alma nada tem de lógico... Porque tem ela que seguir as leis da lógica? Se calhar não tem... Se calhar não segue... Nós é que temos o hábito de a forrar de lógica! O ser Humano é por natureza um ser autista... Constantemente a procurar padrões e soluções em tudo que nos reveste. Isso fará dos autistas superficiais autistas profundos... Não há autismo leve, há apenas a estúpida razão de ser. De ser o quê? De ser humano. De ser privilegiado! Não acredito que acabo de escrever privilegiado sem dar erro... Nascer é que é o erro! Daí o privilégio ser existir... Existir sem nada ter feito para o merecer... Depois passamos a vida a queixar-mo-nos de injustiça! Não se queixem! Fizeram alguma coisa para sequer merecer andar neste Mundo? Não? Então calem-se e aguentem o que a vida vos atira. Neste ponto de vista então talvez nascer não seja um presente... Talvez seja um presente envenenado... Talvez seja um presente embrulhado num passado sem futuro... Talvez seja um castigo... Isso sim fará mais lógica! Se não fizemos nada para merecer nascer, então talvez seja um castigo! Castigo injusto... Injusto porque se nada de bom fizemos, também nada de mau fizemos para o merecer... Então reclamem... Porque não? Realmente... Por favor reclamem! Reclamem das constipações e das injustiças! Reclamem da sopa fria e da dor de luto! Reclamem e queixem-se de tudo! Acima de tudo queixem-se! QUEIXEM-SE!!! Retiro as mãos do teclado... Volto a sentir a dor nos dedos... Penso em parar, penso em calar o silêncio... Penso em interromper o movimento descabido de pensamentos através da minha mente... Penso em trair o que em mim é mais verdadeiro: A necessidade em trair o que de mim é mais verdadeiro. Trair o que faz de mim quem sou será mentir? Ou será dizer a verdade? Será despir as intenções do veludo com o qual aprendi a viver? Será afiar as palavras e falar mais alto? Esse pensamento dura apenas milésimos de segundo... Seria incapaz de trair a traição que faz de mim quem sou... Até os fantasmas têm correntes! Existe sempre algo que prenda o metafísico ao físico... Talvez daí venha a palavra "metafísico"... Se essa palavra tem como intenção descrever algo que não é físico, então porque é que tem "físico" na palavra? Se o metafísico se quisesse descolar completamente da realidade não estaria dependente do "físico" para fazer valer o seu significado... Seremos sempre escravos. Grilhões e grilhetas rangem com o nosso andar e esganam quem somos... Para o bem e para o mal... Muitos pensam que mandam neles próprios... "Faço o que quero"... "Faço e aconteço"... Como se "acontecer" fosse um esforço.... Enfim... O acontecimento é um embate entre o acontecer e o não acontecer... Tudo é acontecimento porque tudo acontece... Aquilo que não acontece não existe... E como tal não merece sequer dissertação. O ar acontece, o pó acontece, vida acontece, a morte acontece, o acidente acontece, " - Desculpe lá. - Acontece..."... Só o que não acontece não acontece!! Então porquê mandar em nós próprios!? Porque dependermos de nós!? Se mandamos em nós próprios não passamos de escravos do nosso ser... Por isso seremos sempre escravos. Escravos das nossas decisões e indecisões... Escravos do que fazemos e do que não fazemos... No fundo seremos sempre escravos do "acontecer"... Parece-me algo deprimente... Ou então não! Se tudo o que existe é um acontecimento, então porque é que a depressão tem que ser triste!? Já que somos escravos de nós próprios, porque não nos obrigamos a ser felizes!? Porque a felicidade no fundo não existe... A felicidade é um "não-acontecimento"... É algo cuja perseguição se torna neurótica ao ponto de nos entristecer. Estarei eu a dizer que não podemos ser felizes!? Não! Para dizer que não poderíamos ser felizes teria que reconhecer que a felicidade existe! e como já referi, ela é um "não-acontecimento"! O que existe é a satisfação. Aquele sentimento vazio de se estar cheio. Isso sim é um alvo... Isso sim é um objectivo... Nisso sim eu acredito. Seria impossível não acreditar na satisfação! Seria como estar encharcado e não acreditar em água! A satisfação é tangível... É pontual... Oscila consoante os acontecimentos embatem connosco. A satisfação É (!) um acontecimento... Ela acontece de vez em quando e por vezes de quando em vez... É cíclica e associada ao que de bom existe... Por isso a satisfação nos faz sorrir! Porque não é algo que aguardamos atingir dentro de anos ou meses, como a tão famosa e inexistente "felicidade"... É isso sim algo que ACONTECE inerente à vida. Apetece-me algo doce... Como... Fico satisfeito. Se acreditasse nessa criatura mitológica chamada felicidade, nesse momento seria feliz. Paro para respirar... Sinto-me ofegante... Como se estivesse a ler o que escrevo na vez de escrever o que vejo... Respiro fundo... Sinto-me mais leve. Mais vazio... Em paz... Em paz comigo. No fundo era a mim que eu devia esta paz. Só o meu "Eu" passado poderá dizer se a dívida está saldada mas a verdade é que pensando no que escrevi não consigo deixar de me sentir... Como hei de dizer.........?
Satisfeito.
1 Comments:
Muito muito bom.
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Pedro Serra, at 1:29 da manhã
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