Passei 15 dias em França numa pequena cidade de seu nome Vénissieux (encostadinha a Lyon)e deixem-me já exprimir a impressão que me faz ouvir franceses a dizerem expressões como: "savoir faire"; "je ne sais quois"; "fait divers" e "déja vu", porque é que teimam em utilizar expressões que não são deles!? Isto desgasta-me... Tive também, mais uma vez, o prazer de constatar que 5% da população dessa cidade são africanos muçulmanos, 9% são africanos de outras religiões, 11% são gregos, espanhóis e portugueses, 1,9% são hebreus, 3% são vietnamitas, 70% são árabes muçulmanos, e existem também 2 casais de franceses puros. Como é bem visível pela grande facção árabe muçulmana, os portugueses têm que ter cuidado com o uso de certas palavras em voz alta. Aprendi isto quando num parque de estacionamento, estou eu de um lado da rua e as minhas irmãs do outro, e elas perguntam-me: "Nelson, onde está o carro?!" E respondo eu em voz alta: "ALI!!!" Nisto, viram-se para mim cerca de 6 indivíduos árabes com cara de quem pergunta: "Chamaste-me, pá?" Ainda bem que "Mohamed" não é uma palavra portuguesa... Para quem quiser ir a França, cá estão mais 2 palavras que também testei acidentalmente e podem causar mal-entendidos (tomem a seta como "facilmente confundido por"):
- "Olha lá" -> "Yol Alá" (uma reza qualquer)
- "Fachabor" (faz favor) -> "Faznavour" (Nome de pessoa)
Mas este pote de cultura até é interessante porque não é todos os dias que vemos uma mulher muçulmana a levantar uma pontinha da burka para dar um trago na sua Coca-Cola fresquinha enquanto o seu marido pavoneia as suas novas Levis a condizer com o seu boné dos Chicago Bulls.
Outra coisa que tive a oportunidade de constatar é relativa ás caixas de pagamento no Carrefour lá da zona: Existem mais ou menos 50 mas, 25 são só para quem tem um Passe Especial, 15 são apenas de 10 unidades, 4 são caixas prioritárias e 6 são as "normais" (msmo assim são mais do que as que estão abertas no Pingo Doce).
Para acabar, uma observação relativa à televisão: Os pivôs de Telejornal. Tenho reparado numa aproximação gradual das caras dos jornalistas à câmera de filmar porque há alguns anos atrás, conseguíamos ver do tronco para cima do pivô e um bocadinho do cenário, agora só se vê os ombros e a cara dele. "Chegará o dia" (tom de voz profético) em que o Telejornal francês vai ser filmado através de um potentíssimo microscópio electrónico... "é tempo de dar fama ás nossas células" devem eles pensar...